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No meu compasso

No marketing, há um conceito interessante que estuda o comportamento dos consumidores. Trata-se da teoria da difusão da inovação proposta pelo sociólogo Everett Rogers em seu livro "Diffusion of Innovations" (1962), que descreve como as inovações (produtos ou tecnologias) se espalham entre a população ao longo do tempo. Ela divide os consumidores em diferentes grupos com base em sua disposição para adotar novas tecnologias ou produtos. Esses grupos são:

1. Inovadores (Pioneiros);

2. Adotantes iniciais (Early Adopters);

3. Maioria inicial (Early Majority);

4. Maioria tardia (Late Majority);

5. Retardatários (Laggards).

Olhando para o meu perfil afirmo, sem medo de errar, que estou mais para o grupo dos retardatários.

Das pessoas com as quais convivo fui um dos últimos a ter um smartphone, por exemplo. Continuei fiel ao meu tijolão limitado enquanto todo mundo já acessava a internet pelo celular.

Agora decidi ter um site pessoal, que você pode chamar de blog. Recordo-me bem de que há uns vinte anos muita gente tinha blog. Cheguei vinte anos atrasado no rolê.

Seja por desinteresse ou por não querer pagar caro demais, não sou do tipo que sai comprando o último lançamento da Apple ou de qualquer outra big tech.

Sei que, para muitos, isso pode soar como um certo atraso existencial, quase um fuso horário próprio. 

Mas, sinceramente, nunca vi problema nisso. Enquanto a avalanche de novidades passava atropelando quem fazia questão de estar sempre na crista da onda, eu preferia seguir no meu passo, com a tranquilidade de quem escolhe o caminho mais longo só porque a paisagem é mais bonita.

E aqui estou eu, enfim, criando meu espaço digital. Um blog. Um cantinho onde posso escrever sem pressa, sem algoritmos me empurrando “tendências”, sem aquela pressão maluca de ter que ser atual. 

Talvez seja até irônico: o sujeito que demora vinte anos para fazer algo que todo mundo já fez agora aparece por aqui querendo compartilhar ideias. Mas é justamente isso que me agrada: a despretensão, a ausência de urgência, a sensação de que posso chegar atrasado e, ainda assim, encontrar a porta entreaberta.

Não me incomoda ser lembrado como o último a trocar de celular ou como aquele que nunca correu atrás do gadget do momento. No fim das contas, minha tecnologia favorita sempre foi o tempo. 

E com ele aprendi que chegar por último, às vezes, é só outra forma de chegar do jeito certo.

Se for para entrar em uma tendência, que seja na minha velocidade, mesmo que ela venha com décadas de delay.

Afinal, cada um tem o seu próprio cronômetro interno. O meu só corre um pouco mais devagar. E, sinceramente? Eu gosto assim.

PS: não deixe de acessar o meu blog - www.robertorezende.net

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